domingo, 20 de janeiro de 2013

Lições da Soberania e Graça de Deus aprendidas a partir da vida do Profeta Elias (I Rs 16-19)

Lições da Soberania e Graça de Deus aprendidas a partir da vida do Profeta Elias (I Rs 16-19)


INTRODUÇÃO – I Rs 17.1

O Profeta Elias entra em cena no livro dos Reis em um momento em que a vida religiosa de Israel atinge um de seus piores momentos com o reinado de Acabe [874-853 a.C - 22 anos].

Após a divisão do Povo de Israel entre Reino do Norte (Israel) e Reino do Sul (Judá) devido à quebra da aliança e desobediência de Salomão aos mandamentos de Deus, o Povo de Israel cada vez mais se vê afastando da lei e da adoração ao Deus verdadeiro o que, por sua vez, tornava cada vez mais complicada a situação com disputas internas que tornaram os dois reinos alvos de povos vizinhos que traziam consigo suas formas distorcidas de culto, levando ao distanciamento do Deus de Israel e do culto requerido pelo Deus de Israel.

No final de I Rs 16 encontramos o relato bíblico mostrando que Acabe casa-se com Jezabel, de Tiro, configurando uma aliança que trouxe força política e benefícios comerciais com sua vizinha do Norte, a Fenícia.

Jezabel, não sendo do Povo de Israel, era extremamente ligada à sua própria religião, e fez com que Acabe impusesse ao Povo de Israel a adoração ao Deus Fenício Melcarte (o "Baal" mencionado em I Rs 16:29-33).

1 Reis 16.29-33

16.29   Acabe, filho de Onri, começou a reinar sobre Israel no ano trigésimo oitavo de Asa, rei de Judá; e reinou Acabe, filho de Onri, sobre Israel, em Samaria, vinte e dois anos.

16.30   Fez Acabe, filho de Onri, o que era mau perante o SENHOR, mais do que todos os que foram antes dele.

16.31   Como se fora coisa de somenos andar ele nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi, e serviu a Baal, e o adorou.

16.32   Levantou um altar a Baal, na casa de Baal que edificara em Samaria.

16.33   Também Acabe fez um poste-ídolo, de maneira que cometeu mais abominações para irritar ao SENHOR, Deus de Israel, do que todos os reis de Israel que foram antes dele.


Nesse contexto, o Profeta Elias inicia uma era de conflitos constantes entre a "Igreja e Estado", como podemos observar no decorrer dos acontecimentos do Antigo Testamento com os demais Profetas enviados por Deus para repreensão do seu povo, tanto em relação ao Reino do Norte quanto ao Reino no Sul.

O nome Elias significa "Já é Deus", abreviação de "Javé" e representado em nossa Bíblia por SENHOR, sendo que a mensagem central do ministério profético de Elias é: O SENHOR é Deus e não existe outro. Fato que justifica sua atuação intensa quando Acabe e Jazabel difundiram e promoveram o culto a Baal entre o Povo de Israel.

Os adoradores de Baal o tinham como um deus do clima que podia interferir na produção da terra, sendo o culto a esse deus uma das piores tentações dos israelitas desde os tempos antigos.

No caso de Acabe e Jazabel (I Rs 16:33) foi erigido, também, uma imagem de Aserá (Poste-Ídolo) que era a deusa da fertilidade adorada pelo fenícios e sírios como sendo companheira de Baal.


1 – UM HOMEM COM UMA MENSAGEM DE DEUS

Elias aparece de forma repentina no capítulo 17 de I Rs, vindo de uma cidade que pouco se sabe a respeito, com uma mensagem dura endereçada diretamente ao rei Acabe, tendo como remetente o próprio Deus de Israel.

1 Reis 17.1

17.1   Então, Elias, o tesbita, dos moradores de Gileade, disse a Acabe: Tão certo como vive o SENHOR, Deus de Israel, perante cuja face estou, nem orvalho nem chuva haverá nestes anos, segundo a minha palavra.


Um Profeta, no contexto bíblico, é uma pessoa que anuncia a mensagem de Deus (2 Pe 1:20,21).

2 Pedro 1.20,21

1.20   sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação;

1.21   porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.


Aqueles que traziam mensagens que não vinham do Deus verdadeiro eram considerados os Falsos Profetas (Dt 18.20-22).

Deuteronômio 18.20-22

18.20   Porém o profeta que presumir de falar alguma palavra em meu nome, que eu lhe não mandei falar, ou o que falar em nome de outros deuses, esse profeta será morto.

18.21   Se disseres no teu coração: Como conhecerei a palavra que o SENHOR não falou?

18.22   Sabe que, quando esse profeta falar em nome do SENHOR, e a palavra dele se não cumprir, nem suceder, como profetizou, esta é palavra que o SENHOR não disse; com soberba, a falou o tal profeta; não tenhas temor dele.


Cabe aqui uma diferenciação do termo Profeta no contexto do A.T. e do N.T.:

A.T. - Profetas não eram "interpretes", mas sim "Porta-Vozes" da Mensagem Divina (Jr 27.4).

Jeremias 27.4

27.4   Ordena-lhes que digam aos seus senhores: Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: Assim direis a vossos senhores:


N.T. - O Profeta fala baseado na Revelação Divina no A.T. e no testemunho dos Apóstolos (Evangelho e Epístolas), edificando e fortalecendo os fieis (Jo 5:39 / Gl 1:6-9).

João 5.39

5.39   Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim.



Gálatas 1.6-9

1.6   Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho,

1.7   o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo.

1.8   Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema.

1.9   Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema.


Hoje, infelizmente, temos nos deparado com todo o tipo de "profetas" que em suas “mensagens” não encontramos a mensagem condizente com a Palavra de Deus revelada nas Escrituras Sagradas por diversos motivos. John MacArthur em seu livro “CRER É DIFÍCIL” traz o relato de um recente informativo enviado por uma igreja localizada em um conjunto residencial que em sua mensagem prometia: “uma ‘atmosfera informal, relaxante e despreocupada’, ‘música fantástica tocada por nossa banda’ e aqueles que fossem poderiam ‘acredite se quiser, até mesmo se divertir”

Nossa postura como cristãos em toda e qualquer situação deve ser a mesma elogiada pelo Apóstolo Paulo quando esteve em Beréia (At 17:10,11), pois, essa é uma atitude de zelo para com a fidelidade na pregação da Mensagem de Deus. Não podemos deixar que a Mensagem de Deus seja comercializada e não devemos nos preocupar se essa mensagem irá ou não ofender as pessoas que a ouvirão. Não temos o direito de alterar ou minimizar o que o próprio Deus falou.

Atos dos Apóstolos 17.10-11

17.10   E logo, durante a noite, os irmãos enviaram Paulo e Silas para Beréia; ali chegados, dirigiram-se à sinagoga dos judeus.

17.11   Ora, estes de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim.


Elias falou a Acabe em nome do SENHOR anunciando uma dura seca sobre Israel que só teria fim após sua intercessão a Deus por novas chuvas. Ao reter a chuva Deus mostrava ao povo que os deuses adorados por eles (Baal e Aserá) não tinham o poder que eles atribuíam a eles. Só o Deus Criador e Soberano tem o controle sobre a natureza e todos precisavam se lembrar disso.

Digo lembrar, pois, o próprio Deus já havia alertado a seu Povo quanto a isso quando ordenou a Moisés lavrar as segundas tábuas da Lei no Monte Sinai e exortou o Povo de Israel (no caminho para a Terra Prometida) quanto aos benefícios da obediência e, também, quanto à ira de Deus para com os desobedientes (Dt 11:13-17).

Deuteronômio 11.13-17

11.13   Se diligentemente obedecerdes a meus mandamentos que hoje vos ordeno, de amar o SENHOR, vosso Deus, e de o servir de todo o vosso coração e de toda a vossa alma,

11.14   darei as chuvas da vossa terra a seu tempo, as primeiras e as últimas, para que recolhais o vosso cereal, e o vosso vinho, e o vosso azeite.

11.15   Darei erva no vosso campo aos vossos gados, e comereis e vos fartareis.

11.16   Guardai-vos não suceda que o vosso coração se engane, e vos desvieis, e sirvais a outros deuses, e vos prostreis perante eles;

11.17   que a ira do SENHOR se acenda contra vós outros, e feche ele os céus, e não haja chuva, e a terra não dê a sua messe, e cedo sejais eliminados da boa terra que o SENHOR vos dá.


Elias apontou o pecado do Povo de Israel e isso é o que se espera da Mensagem Bíblica nos dias atuais... A Mensagem de Deus aponta nossa situação de pecadores diante de um Deus Vivo, Santo e Verdadeiro...


2 – UM HOME AGINDO COM CORAGEM EM NOME DE DEUS

Em I Rs 18:1,2 - Elias apresenta-se a Acabe após 3 anos de seca, obedecendo a voz do SENHOR.

1 Reis 18.1,2

18.1   Muito tempo depois, veio a palavra do SENHOR a Elias, no terceiro ano, dizendo: Vai, apresenta-te a Acabe, porque darei chuva sobre a terra.

18.2   Partiu, pois, Elias a apresentar-se a Acabe; e a fome era extrema em Samaria.


Enquanto Elias faz o caminho de volta para Samaria para o encontro com Acabe o rei manda que seu mordomo Obadias (que temia muito ao SENHOR e havia protegido 100 profetas de Deus da matança promovida por Jezabel) procurar por ervas para alimentar seus cavalos e mulos, ele acaba encontrando-se com Elias que pede para ser anunciado ao rei Acabe (I Rs 18.3-16). Ainda no mesmo capítulo em I Rs 18:17-40 - Elias encontra-se novamente com o rei Acabe e faz um desafio aos profetas de Baal e Aserá no Monte Carmelo que configura-se como um dos mais surpreendentes e destemidos desafios feitos um profeta.

1 Reis 18.17-40

* 18.17   Vendo-o, disse-lhe: És tu, ó perturbador de Israel?

* 18.18   Respondeu Elias: Eu não tenho perturbado a Israel, mas tu e a casa de teu pai, porque deixastes os mandamentos do SENHOR e seguistes os baalins.

* 18.19   Agora, pois, manda ajuntar a mim todo o Israel no monte Carmelo, como também os quatrocentos e cinqüenta profetas de Baal e os quatrocentos profetas do poste-ídolo que comem da mesa de Jezabel.

* 18.20   Então, enviou Acabe mensageiros a todos os filhos de Israel e ajuntou os profetas no monte Carmelo.

* 18.21   Então, Elias se chegou a todo o povo e disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o SENHOR é Deus, segui-o; se é Baal, segui-o. Porém o povo nada lhe respondeu.

* 18.22   Então, disse Elias ao povo: Só eu fiquei dos profetas do SENHOR, e os profetas de Baal são quatrocentos e cinqüenta homens.

* 18.26   Tomaram o novilho que lhes fora dado, prepararam-no e invocaram o nome de Baal, desde a manhã até ao meio-dia, dizendo: Ah! Baal, responde-nos! Porém não havia uma voz que respondesse; e, manquejando, se movimentavam ao redor do altar que tinham feito.

* 18.27   Ao meio-dia, Elias zombava deles, dizendo: Clamai em altas vozes, porque ele é deus; pode ser que esteja meditando, ou atendendo a necessidades, ou de viagem, ou a dormir e despertará.

* 18.28   E eles clamavam em altas vozes e se retalhavam com facas e com lancetas, segundo o seu costume, até derramarem sangue.

* 18.29   Passado o meio-dia, profetizaram eles, até que a oferta de manjares se oferecesse; porém não houve voz, nem resposta, nem atenção alguma.

* 18.30   Então, Elias disse a todo o povo: Chegai-vos a mim. E todo o povo se chegou a ele; Elias restaurou o altar do SENHOR, que estava em ruínas.

* 18.31   Tomou doze pedras, segundo o número das tribos dos filhos de Jacó, ao qual viera a palavra do SENHOR, dizendo: Israel será o teu nome.

* 18.32   Com aquelas pedras edificou o altar em nome do SENHOR; depois, fez um rego em redor do altar tão grande como para semear duas medidas de sementes.

* 18.33   Então, armou a lenha, dividiu o novilho em pedaços, pô-lo sobre a lenha

* 18.34   e disse: Enchei de água quatro cântaros e derramai-a sobre o holocausto e sobre a lenha. Disse ainda: Fazei-o segunda vez; e o fizeram. Disse mais: Fazei-o terceira vez; e o fizeram terceira vez.

* 18.35   De maneira que a água corria ao redor do altar; ele encheu também de água o rego.

* 18.36   No devido tempo, para se apresentar a oferta de manjares, aproximou-se o profeta Elias e disse: Ó SENHOR, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, fique, hoje, sabido que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo e que, segundo a tua palavra, fiz todas estas coisas.

* 18.37   Responde-me, SENHOR, responde-me, para que este povo saiba que tu, SENHOR, és Deus e que a ti fizeste retroceder o coração deles.

* 18.38   Então, caiu fogo do SENHOR, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e a terra, e ainda lambeu a água que estava no rego.

* 18.39   O que vendo todo o povo, caiu de rosto em terra e disse: O SENHOR é Deus! O SENHOR é Deus!

* 18.40   Disse-lhes Elias: Lançai mão dos profetas de Baal, que nem um deles escape. Lançaram mão deles; e Elias os fez descer ao ribeiro de Quisom e ali os matou.


Essa batalha de um homem que teme ao Deus verdadeiro contra 850 profetas de Baal e Aserá mostra a Soberania e o Poder de Deus e, também, o zelo de Elias para com o SENHOR, o Deus de Israel.

PREGAR O EVANGELHO VERDADEIRO REQUER CORAGEM. Com diz o Apóstolo Paulo, a Mensagem da Cruz é uma ofensa e um escândalo para aqueles que não são salvos pela Graça Maravilho de Deus. Paulo deixa isso bem claro quando escreve sua primeira carta aos Coríntios mostrando que essa mensagem era escândalo para os judeus e loucura para os gentios.

A Mensagem da Cruz - I Co 1:18-25;

1 Coríntios 1.18-25

1.18   Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus.

1.19   Pois está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos instruídos.

1.20   Onde está o sábio? Onde, o escriba? Onde, o inquiridor deste século? Porventura, não tornou Deus louca a sabedoria do mundo?

1.21   Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação.

1.22   Porque tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria;

1.23   mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios;

1.24   mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus.

1.25   Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.


Essa “Loucura da Cruz” vem sendo pregada por todos os Profetas de Deus ao longo da narrativa bíblica do A.T. nas palavras de Moisés, Elias, Eliseu, Amós, Oséias, Isaías, Jeremias, Jonas, etc... Tendo seu cumprimento no N.T. com a vinda do Messias, onde temos o exemplo máximo de Cristo (o maior dos profetas) nos registros dos Atos dos Apóstolos mostrando a coragem daqueles que andaram com Cristo e se dispuseram sofrer açoites, cadeias e até a morrer pela mensagem da Cruz (Pedro, Estevão, Paulo, etc...);

A Graça e a Providência de Deus ainda nos deixou um legado Reformado através de servos corajosos como Martino Lutero e João Calvino que em uma época sombria onde se pregava a Justificação pelas Obras, defenderam um retorno às Escrituras e às Doutrinas da Graça de Deus mostrando que a Justificação é apenas através da Fé em Cristo Jesus e da Mensagem da Cruz. Hoje podemos nos orgulhar, também, de irmãos em Cristo como: Charles Spurgeon, Jonathan Edwards, John Piper, R.C. Sproul, John MacArthur, Paul Washer, Augustos Nicodemus, Heber Carlos Campos, Solano Portela, etc... 

3 – UM HOMEM DEPENDENTE DA GRAÇA SOBERANA DE DEUS

Deus manda a seca prometida a Israel devido a sua infidelidade, porém, cuida de Elias durante todo esse período de forma Soberana, Graciosa e didática.

Deus usa os corvos para alimentar Elias junto à torrente de Querite - I Rs 17:3-6

1 Reis 17.3-6

17.3   Retira-te daqui, vai para o lado oriental e esconde-te junto à torrente de Querite, fronteira ao Jordão.

17.4   Beberás da torrente; e ordenei aos corvos que ali mesmo te sustentem.

17.5   Foi, pois, e fez segundo a palavra do SENHOR; retirou-se e habitou junto à torrente de Querite, fronteira ao Jordão.

17.6   Os corvos lhe traziam pela manhã pão e carne, como também pão e carne ao anoitecer; e bebia da torrente.


Deus usa a viúva de Serepta para sustentar Elias durante o período da seca em Israel - I Rs 17:7-9

1 Reis 17.7-9

17.7   Mas, passados dias, a torrente secou, porque não chovia sobre a terra.

17.8   Então, lhe veio a palavra do SENHOR, dizendo:

17.9   Dispõe-te, e vai a Sarepta, que pertence a Sidom, e demora-te ali, onde ordenei a uma mulher viúva que te dê comida.


Serepta era uma cidade costeira situada na região que pertencia à Sidônia e era um território fenício fora dos limites de Israel, era considerada a fortaleza de Baal, cidade que na época era governada pelo genro de Acabe (era a terra natal da Rainha Jezabel).

Elias foi obediente à ordem de Deus e foi fiel na entrega da Mensagem de Deus. Por outro lado, Deus foi fiel em sua promessa de sustentá-lo durante o período da seca em Israel, mostrando que Deus preserva os seus para a Glória D'Ele. Essa é a Doutrina da Providência.

Esse fato é usado pelo próprio Jesus quando disse que nenhum profeta é bem recebido em sua própria terra, citando Elias e a viúva de Serepta como exemplo em Lc 4:24-26;

Lucas 4.24-26

4.24   E prosseguiu: De fato, vos afirmo que nenhum profeta é bem recebido na sua própria terra.

4.25   Na verdade vos digo que muitas viúvas havia em Israel no tempo de Elias, quando o céu se fechou por três anos e seis meses, reinando grande fome em toda a terra;

4.26   e a nenhuma delas foi Elias enviado, senão a uma viúva de Sarepta de Sidom.


Assim que Jezabel ficou sabendo dos feitos de Elias no Monte Carmelo e que ele havia matado todos os profetas de Baal, proferiu uma ameaça de morte contra o Profeta Elias (I Rs 19:1-3), fazendo-o fugir para o Monte Horebe para salvar sua vida (I Rs 19:3,4)... Elias se sentia só... Elias estava cansado do longo caminho que trilhara até ali... Elias estava em um quadro profundo de depressão e angústia a ponto de pedir a morte para si...

1 Reis 19.1-4

19.1   Acabe fez saber a Jezabel tudo quanto Elias havia feito e como matara todos os profetas à espada.

19.2   Então, Jezabel mandou um mensageiro a Elias a dizer-lhe: Façam-me os deuses como lhes aprouver se amanhã a estas horas não fizer eu à tua vida como fizeste a cada um deles.

19.3   Temendo, pois, Elias, levantou-se, e, para salvar sua vida, se foi, e chegou a Berseba, que pertence a Judá; e ali deixou o seu moço.

19.4   Ele mesmo, porém, se foi ao deserto, caminho de um dia, e veio, e se assentou debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte e disse: Basta; toma agora, ó SENHOR, a minha alma, pois não sou melhor do que meus pais.


Mais uma vez, Deus alimenta Elias em seu período de fuga e ele nem se dá conta dos cuidados de Deus (é o que percebemos na leitura do texto) mesmo tendo Elias fraquejado em sua fé (I Rs 19:5-8);

1 Reis 19.5-8

19.5   Deitou-se e dormiu debaixo do zimbro; eis que um anjo o tocou e lhe disse: Levanta-te e come.

19.6   Olhou ele e viu, junto à cabeceira, um pão cozido sobre pedras em brasa e uma botija de água. Comeu, bebeu e tornou a dormir.

19.7   Voltou segunda vez o anjo do SENHOR, tocou-o e lhe disse: Levanta-te e come, porque o caminho te será sobremodo longo.

19.8   Levantou-se, pois, comeu e bebeu; e, com a força daquela comida, caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus.


No Monte Horebe, o mesmo onde Deus falou com Moisés e lhe entregou as Tábuas da Lei, Deus Fala com Elias de uma forma suave e tranquila e mostra que Ele é quem sempre estará no controle de tudo, mesmo que Elias tenha se queixado de ser (em sua percepção) o último zeloso pelo SENHOR após os filhos de Israel terem deixado a aliança de Deus, derribado Seus altares e matado Seus profetas... (I Rs 19:9,10);

1 Reis 19.9-10

19.9   Ali, entrou numa caverna, onde passou a noite; e eis que lhe veio a palavra do SENHOR e lhe disse: Que fazes aqui, Elias?

19.10   Ele respondeu: Tenho sido zeloso pelo SENHOR, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida.


Deus fala com Elias de forma suave... (I Rs 19:11,12);

1 Reis 19.11,12

19.11   Disse-lhe Deus: Sai e põe-te neste monte perante o SENHOR. Eis que passava o SENHOR; e um grande e forte vento fendia os montes e despedaçava as penhas diante do SENHOR, porém o SENHOR não estava no vento; depois do vento, um terremoto, mas o SENHOR não estava no terremoto;

19.12   depois do terremoto, um fogo, mas o SENHOR não estava no fogo; e, depois do fogo, um cicio tranqüilo e suave.


Elias reconhece Deus como soberano e, como Moisés, teme a presença de Deus e repete seu clamor diante do Criador... (I Rs 19:13,14);

1 Reis 19.13,14

19.13   Ouvindo-o Elias, envolveu o rosto no seu manto e, saindo, pôs-se à entrada da caverna. Eis que lhe veio uma voz e lhe disse: Que fazes aqui, Elias?

19.14   Ele respondeu: Tenho sido em extremo zeloso pelo SENHOR, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida.


O SENHOR mostra a Elias quem está, realmente, no comando de tudo... (I Rs 19:15-18).

 1 Reis 19.15-18

19.15   Disse-lhe o SENHOR: Vai, volta ao teu caminho para o deserto de Damasco e, em chegando lá, unge a Hazael rei sobre a Síria.

19.16   A Jeú, filho de Ninsi, ungirás rei sobre Israel e também Eliseu, filho de Safate, de Abel-Meolá, ungirás profeta em teu lugar.

19.17   Quem escapar à espada de Hazael, Jeú o matará; quem escapar à espada de Jeú, Eliseu o matará.

19.18   Também conservei em Israel sete mil, todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda boca que o não beijou.


Uma das Doutrinas da Graça nesses acontecimentos na vida de Elias pode ser identificada através do cuidado de Deus para com Elias (a Graça Preservadora ou Perseverança dos Santos), onde aprendemos que “Todos os que Deus escolhe e chama soberanamente para si na salvação, Ele mantém em segurança eterna”. É o próprio Deus que preserva com os santos e neles, mantendo-os seguros em Sua Graça.

O exemplo do cuidado de Deus com Elias mostra que o salvo em Cristo Jesus só se mantém firme até o fim na presença de Deus porque é o próprio Deus quem provê os meios para que fiquemos firmes e seguros sob os seus eternos cuidados, como podemos comprovar no exemplo de Noé na arca quando Deus enviou o dilúvio porque toda a terra estava corrompida e cheia de violência (Gn 7.13-18):

Gênesis 7.13, 16, 17, 18

7.13
  Nesse mesmo dia entraram na arca Noé, seus filhos Sem, Cam e Jafé, sua mulher e as mulheres de seus filhos;

7.16   eram macho e fêmea os que entraram de toda carne, como Deus lhe havia ordenado; e o SENHOR fechou a porta após ele.

7.17   Durou o dilúvio quarenta dias sobre a terra; cresceram as águas e levantaram a arca de sobre a terra.

7.18   Predominaram as águas e cresceram sobremodo na terra; a arca, porém, vogava sobre as águas.


Como comenta o Dr. Esteven J. Lawson, autor da excelente obra FUNDAMENTOS DA GRAÇA DE DEUS, mostrando que esse fato é uma ilustração perfeita da segurança da salvação dos eleitos de Deus em Jesus Cristo e da Graça Preservadora de Deus:

“Assim como Noé e sua família foram libertados através das águas do Dilúvio do juízo de Deus, assim também eles, com todos os verdadeiros crentes, serão preservados por meio da ira divina do último dia, pela graça de Deus. Não importa quão tempestuoso foi o Dilúvio, Noé não pode nem poderia cair da arca. Deus fechou a porta, selando todos os que estavam dentro. De igual modo, nenhum crente cairá jamais da graça, jamais perderá a sua salvação.”

Como disse o teólogo Boice em seu comentário do mesmo texto: “O Senhor não coloca a segurança do seu povo em mãos alheias. Ele próprio põe as trancas”.

CONCLUSÃO

Elias não foi um Super-homem e a Epistola de Tiago nos dá uma definição clara a respeito de quem era Elias dizendo que ele "era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos..." o que mostra como todos nós, assim como ele, estamos sob a mesma dependência da Graça Soberana de Deus (Tg 5:17,18);

Tiago 5.17,18

5.17   Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou, com instância, para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis meses, não choveu.

5.18   E orou, de novo, e o céu deu chuva, e a terra fez germinar seus frutos.


Gostaria de concluir essa mensagem com as palavras de Jesus em sua oração Sacerdotal onde Ele nos mostra que devido a Sua Palavra o mundo o odiou, assim como odiou aos seus discípulos e iria odiar a nós também... O motivo? A Mensagem que temos a oferecer (A Mensagem da Cruz) não é agradável a todos; Não somos desse mundo, assim como Ele (Jesus Cristo - o foco da Mensagem) não é;

Em sua oração Jesus Cristo pede ao Pai que não nos tire do mundo e sim que nos livre do mal até que possamos, enfim, ver a Sua Glória claramente e integralmente exposta no céu.

João termina o capítulo 16 com as seguintes palavras de Jesus dirigidas aos seus discípulos:

João 16.32,33

16.32   Eis que vem a hora e já é chegada, em que sereis dispersos, cada um para sua casa, e me deixareis só; contudo, não estou só, porque o Pai está comigo.

16.33   Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.


Após essas palavras Jesus Cristo, a poucas horas da cruz, levanta os olhos ao céu e ora confiando os redimidos aos cuidados do Pai que é eternamente: Vigilante, Amoroso, Santo e Soberano... e Cristo ora assim:

João 17

17.1   Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti,

17.2   assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste.

17.3   E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.

17.4   Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer;

17.5   e, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo.

17.6   Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra.

17.7   Agora, eles reconhecem que todas as coisas que me tens dado provêm de ti;

17.8   porque eu lhes tenho transmitido as palavras que me deste, e eles as receberam, e verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram que tu me enviaste.

17.9   É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus;

17.10   ora, todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e, neles, eu sou glorificado.

17.11   Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, ao passo que eu vou para junto de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como nós.

17.12   Quando eu estava com eles, guardava-os no teu nome, que me deste, e protegi-os, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura.

17.13   Mas, agora, vou para junto de ti e isto falo no mundo para que eles tenham o meu gozo completo em si mesmos.

17.14   Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou.

17.15   Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal.

17.16   Eles não são do mundo, como também eu não sou.

17.17   Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.

17.18   Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.

17.19   E a favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade.

17.20   Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra;

17.21   a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.

17.22   Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos;

17.23   eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim.

17.24   Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo.

17.25   Pai justo, o mundo não te conheceu; eu, porém, te conheci, e também estes compreenderam que tu me enviaste.

17.26   Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles esteja.


Amem!!!

  
Soli Deo Gloria
Álem Moreira Martins Júnior
Belo Horizonte, 20 de janeiro de 2013